segunda-feira, 25 de junho de 2018

15ª dia – Visita ao campo de concentração Sachsenhausen e muro de Berlim

Galera, para quem vem para a Alemanha, um programa muito legal e diferente é visitar um campo de concentração. Fiz isso em 2009, quando visitei o Campo de Dachau (próximo a Munique). Foi uma experiência angustiante, mas super valiosa para entender bem como funcionava um campo de concentração. Veja detalhes do passeio da epoca.

Decidimos colocar no roteiro um outro campo para que o Lucas pudesse entender melhor este processo. Contratamos  um tour guiado em Espanhol. Super indicado guias nestes passeios.

O campo de concentração de Sachsenhausen fica nos arredores de Berlim, na região de Oranniemburg. Fica a menos de uma hora do centro de Berlim (35 km ao norte). Basta vc pegar um trem que pare nesta estação - Oraniemburg. Depois caminhar por mais uns 30 minutos até a entrada do campo

Sachsenhausen começou a entrar em operação a partir de 1936; três anos depois da chegada de Hitler ao poder e funcionou até 1945 sob o regime nazista. A princípio os primeiros prisioneiros foram alemães – pessoas contra o regime de Hitler, políticos, homossexuais, doentes. Só depois vieram prisioneiros de outras nações (18 países diferentes). 

Ele é um dos mais antigos campos de concentração da Alemanha nazista.  O campo era utilizado como modelo. Os oficiais da SS lá aprendiam e se “formavam” para por o que estudavam em prática em outros campos como Auschwitz, por exemplo. Por aqui passaram mais de 700 mil pessoas.

Depois do fim da II guerra, como aquela área era de território soviético, os russos utilizaram o campo de Sachsenhausen até 1950. Os prisioneiros políticos dessa vez passaram a ser ex-oficiais nazistas e pessoas que eram contra o comunismo.

O campo de concentração Sachsenhausen não foi um campo de extermínio como era Auschwitz, mas isso não significa que pessoas não foram executadas. Em poucos dias entre 13 e 18 mil prisioneiros soviéticos foram executados num processo verdadeiramente industrial (entravam numa vala e eram fuzilados).  Além disso, a taxa de mortalidade dos presos por doenças, desnutrição e maus tratos era enorme. Mesmo não sendo um campo de extermínio, havia os fornos para cremação em massa. Estimasse que 200 mil pessoas morreram aqui.

Após esta introdução, vamos ao passeio. 

Nos encontramos as 10h com o grupo na praça AlexanderPlat (com o dia umido e com chuva que começava e parava a toda hora, num frio de 13 graus). Entre metrô, trem e caminhada para chegar até a porta do campo, levamos 1:45h.



A entrada neste campo/museu começa em estabelecimentos onde os nazistas moravam, ou seja, em casas mais estruturadas.



Ali vc começa a entender porque ele foi considerado um campo modelo. Eles tentaram fazer um campo numa espécie de triangulo equilátero, por onde os policiais de plantão, de uma cabine no centro, podiam ver todos os cantos do campo. Ou seja, uma visão privilegiada e ampla. Porém, tinha um grande defeito. Não dava para ser ampliado.


Fomos caminhando e a guia nos explicando detalhes. Como era um campo modelo, tinha uma academia para o policiais da SS serem treinados. Claro, em prédios bem melhores.


Andamos mais um pouquinho e ai sim chegamos de fato a entrada do campo para os prisioneiros. Naquela época era "vendido" que este lugar seria uma espécie de "alojamento seguro" para que eles pudessem trabalhar em quanto a guerra acontecia. Inclusive, na porta de entrada, tem uma frase bem sugestiva – O trabalho liberta.




O campo em si, com todas suas edificações, já não existe mais. Deixaram apenas algumas amostras de locais importantes, tais como:

Barracão Dormitório: Com beliches triplos, casas de banho e banheiros, tudo sem porta.







Prisão: Aqui, numa cela de 2x2, chegava a ficar 20 pessoas.




Enfermaria: Na real, era mais um migué para quem chegasse de fora e visse como as coisas funcionavam. Atendia mais os soldados da SS do que os presos. Presos doentes eram deixados no frio e na chuva para morrer




Vala de Extermínio: Aqui os presos eram colocados numa vala e, do alto, os policiais os fuzilavam.



Câmara de gás e forno crematório: A meu ver, o mais brutal, pois a morte era lenta.




E fomos caminhando lentamente, com a guia nos contando detalhes de tudo. 



No final, tem um memorial, com placas dos 18 países que tiverem pessoas mortas aqui.




Gente, é uma experiência que nos consome. Algo angustiante. Tudo é tratado com respeito e sem barulho. Aliás, os Alemães têm vergonha desse passado. Porém, preservam isso forte para as novas gerações saberem a M que eles fizeram no passado e não se repetir mais. Por isso, por aqui, mencionar fazer apologia ao nazismo é CRIME. 

O que eu aprendi de novo aqui foi o seguinte: Do lado dos campos de concentração existiam varias fábricas que se utilizavam desta mão de obra para produzir seus produtos. As vezes, para se trabalhar, era necessário andar 2h e o horário era das 6h as 20h. Que escravidão....

Ai vc começa a entender porque Hitler prosperou. Ele não teria alcançado os objetivos que alcançou se não tivesse contado com o financiamento de muitas empresas nacionais e internacionais. Confira a lista: 

Kodak: com produção de rolos de filme para fotografia,
Hugo Boss: Os uniformes eram feitos por eles
Wolkswagen e Ford: Produziam carros para os nazistas
Bayer (remédios e o gas que matavam os presos eram feitos por eles)
Coca Cola:  Em 1941, a filial alemã da Coca-Cola ficou sem o xarope para produzir a bebida e não podiam adquiri-lo dos EUA devido as sanções do tempo de guerra. Contrataram trabalho escravo e desenvolveram uma nova bebida especificamente para os nazistas: Um refrigerante com sabor de frutas chamado “Fanta”, bebida oficial da Alemanha nazista.
IBM: construiu máquinas personalizadas para os nazistas com quais eles podiam usar para controlar tudo, do fornecimento de petróleo, os horários dos trens em campos de morte até em controlar as contas bancárias de judeus vítimas do Holocausto.
Bancos Suíços: lucraram com os depósitos dos judeus mortos.
Pegamos o trem e regressamos para Berlim já passado das 16:30h. Como estávamos sem almoço, achamos algo para comer na AlexanderPlatz mesmo.



Fomos para o hotel e descansamos um pouco. Lá pelas 20h saímos para a região chamada East Side Gallery. Aqui encontra-se  um pedaço do muro de Berlim (1.3 Km), as margens do Rio Spree. Depois da queda do muro, entre 1991 e 1992, o governo incentivou artistas a reproduzirem a sensação de opressão e esperança que o muro tinha para eles. Imperdível gente. O duro é tentar entender a obra de cada artista.







A mais famosas delas é a do Beijo. Uma reprodução de uma foto famosa da época, onde 2 chanceleres alemães (Brejnev e Honecker) se cumprimentaram após um acordo. Não é um beijo gay. Brejnev e Honecker não eram homossexuais. Eles eram socialistas, fato que explica melhor essa história de beijos entre homens aqui no mundo da antiga cortina de ferro.


Lá pelas 22h paramos para tomar uma cerveja na beira do Rio Spree, ao lado da ponte Oberbaumbrucke. Ficamos vendo o final do 2º tempo de Colômbia 3x0 Polônia.




Passando das 23h fomos até o Sony Center, um empreendimento moderno, com shopping center, cinemas, restaurantes, cafés. Impresiona pela quantidade de neon nos prédios. Jantamos por aqui.







Regressamos ao hotel já passando das  23:45h.

Gente, foi mais um dia super proveitoso. Historia pura!!! Amanhã vamos alugar um bike e sair para pedalar.

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